“O Futuro das Mulheres Negras” foi o tema que movimentou a última Live das Pretas, realização da Prefeitura de Alagoinhas, por meio das secretarias de Assistência Social (SEMAS), e de Cultura, Esporte e Turismo (SECET), em articulação com o Conselho Municipal de Desenvolvimento da Comunidade Negra e Afrodescendente e o Conselho Municipal da Mulher. A ação foi realizada na noite de quarta-feira (28) e faz parte da Campanha Julho das Pretas.
Apresentado por Juliana Persan, enfermeira obstetra, maquiadora profissional, modelo independente, Miss Alagoinhas e Miss Brasil Mesoamerica, o encontro virtual foi transmitido diretamente da Biblioteca Municipal Maria Feijó, com a participação de Cláudia Isabele dos Santos – assistente social, especialista em políticas públicas de gênero e raça; e Raimunda Oliveira – advogada popular, integrante do coletivo mupps e coletivo mahin.
Citando o livro “Pele negra, máscaras brancas”, obra-prima de Frantz Fanon sobre a diáspora africana, Juliana iniciou o diálogo com Cláudia Isabele, trazendo perspectivas de um futuro promissor para as mulheres negras. “Ter a ousadia de sonhar e se arriscar no sonho de maneira aguerrida e comunitária vai produzir um futuro melhor para as meninas negras e uma proteção social mais robusta”, pontuou Cláudia, que ao longo de sua fala reforçou a importância dos ambientes democráticos para levar a cabo as conquistas da comunidade negra.
Raimunda Oliveira, com uma presença marcante no vídeo, fez questão de audiodescrever a sua imagem, valorizando a inclusão. Entre as abordagens trazidas em sua fala, ela disse que “dentro dos Direitos Humanos, sempre fomos direcionados a trabalhar no coletivo e até hoje eu acredito nessa coletividade”.
Relembrando Angela Davis, Raimunda falou sobre a politização da resistência. “Diante desse contexto, ser uma advogada popular é enfrentar a cada dia o racismo estrutural e institucional”. Ela ainda lançou questionamentos a respeito do papel desempenhado pelas pretas dentro da sua comunidade. “O que você está fazendo para a sua transformação?”.
Em uma de suas intervenções, a mediadora Juliana Persan declarou que “quando a gente realmente toma posição de mudar uma realidade, as coisas mudam para melhor. Talvez não agora, mas quando a gente exerce o poder de futuro”. Ela também ressaltou o quanto de conhecimento foi absorvido durante cada encontro, enriquecendo a pauta sobre o assunto.
Para quem não conseguiu acompanhar as lives, o conteúdo continua disponível na página oficial da Prefeitura de Alagoinhas no Facebook: Acesse Aqui
A secretária e professora Iracy Gama, uma das idealizadoras da Live das Pretas, em sua saudação final aproveitou para anunciar a vinda da Coordenação de Políticas da Promoção da Igualdade Racial para a Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo (SECET), “a fim de cuidar, dentre outras coisas, das mulheres negras”. Ela também agradeceu, em nome da SECET, da SEMAS e da SECOM ao prefeito Joaquim Neto, “pela disposição de servir e pela preocupação com a comunidade que é mais sofrida e mais precisa do apoio da gestão”.
Por fim, a professora Iracy leu para o público um dos textos produzidos por ela, especialmente para a ocasião; dois acrósticos (composição escrita com letras iniciais de uma frase) com as palavras “mulheres pretas”:
Ave, mulheres pretas
Mil problemas para vencer diariamente,
um salário curtinho ou falta de trabalho
ligada em tudo ao seu redor, aguça a mente
honestamente se joga em busca de agasalho e de comida
pra si, pros filhos e pra a família
revivendo uma história que é sua e de mais quantas?
Entre tantos que sofrem ela pensa:
não sou uma ilha, sou preta, sou mulher, eu sei o quanto valho
Pretinhas, pequeninas, bem meninas
recebam como herança das pretas adultas
exemplos de vida, de coragem e de luta.
trançamos o cabelo pra lembrar o nagô
ancestral de nossos pais, de nosso avô
saibamos garantir e honrar nosso valor.