Marcando encerramento do Julho das Pretas, que este ano trouxe o tema central “Não se Cale: Dê uma basta a toda a violência contra à mulher”, foi realizado, nesta sexta-feira (30), na Câmara Municipal, um encontro de gestores com o objetivo de discutir e elaborar uma agenda de compromissos pela dignidade sexual de meninas e mulheres na luta contra a violência doméstica. A iniciativa parte do entendimento e reconhecimento do poder executivo frente à importância da potencialização de ações da Rede Municipal de Proteção à Mulher, que combatam, enfrentem e sensibilizem a sociedade quanto ao direito ao respeito aos corpos femininos.
Transmitido pelo canal do Youtube da Câmara, o evento foi aberto pela secretária de Assistência Social, Ludmilla Fiscina, e contou com a presença da secretária estadual de Políticas para as Mulheres , Julieta Palmeira. A secretaria também dividiu a mesa com o presidente da Câmara de Vereadores, José Cleto, a vereadora, presidente da Comissão da Mulher na Casa Legislativa e do Conselho Municipal de Mulheres, Jucy Cardoso, a delegada da Deam, Lélia Raimund, a Defensora Pública Estadual, Renata Gomes, o diretor de Direitos Humanos e Combate ao Racismo Estrutural da SEMAS, Anderson Xará e Cristimary Mendes, representando os dois Conselhos Tutelares do município. O encontro contou ainda com as participações de coordenadores da Proteção Social da Semas, dos vereadores Thor de Ninha, Djalma Santos, da coordenadora da Patrulha Maria da Penha, Patrícia Santana, e da cantora Gil Cardoso.
“ Estou muito feliz por esse momento, mais um que estamos todos juntos com o mesmo objetivo, agradeço a todos aqui presentes pelo empenho e dedicação nesta luta. Agradeço também pelo empenho de todos nessa campanha contra violência e isso nos dá mais certeza que só de maneira coletiva conseguiremos alcançar os objetivos. Foi de forma coletiva e democrática que conseguimos uma grande avanço nesses últimos seis meses no que se refere ao reconhecimento das demandas das mulheres, conseguimos implementar a ouvidoria para elas, estamos em fase implementação do aplicativo SOS para elas . Ao construirmos essa agenda em conjunto poderemos avançar cada vez na proteção das meninas e mulheres.
Para Jucy Cardoso, o debate não é exclusivo das mulheres , e sim de toda sociedade. Ela ressaltou que a ocupação dos espaços também devem ser plurais. “ O país secundarizou as questões ligadas às mulheres e isso fez com que hoje ainda estejamos nesse lugar de vulnerabilidade, e o problema precisa ser enfrentado com políticas públicas. Nós avançamos em seis meses, com o fazer coletivo, o que não conseguimos em 20 anos de luta, isso reflete a importância de ter voz nos lugares estratégicos de poder. Na Câmara, já conseguimos aprovações importantes dentro deste contexto, como a obrigatoriedade do ensino sobre a Lei Maria da Penha nas escolas e de informações sobre a rede de proteção, o combate da pobreza menstrual, agendas coletivas, e aqui na casa tramita o Fundo Municipal de Políticas para as Mulheres, ou seja , desta vez , na discussão sobre o orçamento municipal terá uma pauta que garanta direitos para as mulheres”, defendeu a vereadora. “ Estamos vivendo um momento ímpar, e isso não seria possível sem o coletivo e sem a atuação de pessoas comprometidas, a exemplo da secretária Ludmilla Fiscina, que merece todo o nosso reconhecimento”, completou Jucy Cardoso.
“ O machismo , o racismo e desigualdade social são os três pilares que leva a mulher negra a ser mais impactadas pela violência”, apontou a secretária estadual, Julieta Palmeira.
“Os indicadores sociais dizem que a morte de mulheres reduziu,, mas isso não aconteceu com as mulheres negras. 66% dos feminicídios no país vitimam as mulheres negras e essa realidade se manifesta em todos os crimes contra a mulher. Por meio do acolhimento às demandas dos equipamentos da rede de proteção, da bancada feminina, do Conselho de Mulheres construímos essa campanha para potencializar o alcance , para discutirmos novas saídas em direção a uma realidade diferente. Avançamos na disseminação de informações sobre o machismo, de como isso contribui para a cultura do estupor e tornamos mais conhecidos os canais de denúncia”, aformou a coordenadora municipal de Políticas ara Mulheres, Jamile Oliveira.
Entre os encaminhamentos deliberados no encontro estão parcerias para capacitação na perspectiva de gênero dos trabalhadores para fins do reconhecimento da violência contra a mulher, inclusive, de forma precoce; parcerias junto à rede de atendimento para a realização de atividades de combate à violência contra mulher, Combate à condutas assediosas no âmbito institucional, Enfrentamento da cultura do estupro, acolhimento sem julgamento às mulheres que estão em situação de violência, manter o local acessível toda (o)s os contatos da Rede de atendimento à mulher e dispensa para realização de acompanhamento especializado sem prejuízo nos vencimentos para mulheres que estão em situação de violência.
Fotos: Roberto Fonseca/SECOM