Se é pra falar de rosa, a flor, em Alagoinhas, é fácil, pois a encontramos nas famílias e nos jardins — as naturais. Nos tecidos, nas pinturas, nas telas e esculturas de artistas plásticos e artesãos; em cores e formatos diferentes, de materiais diversos: plásticos, papel, tecido, cimento — as artificiais. De qualquer tipo ou forma, a rosa será sempre algo para encantar, inebriar. Em botão ou em plenitude, é sempre bela e simboliza a candura, o afeto, o amor, a paixão.
Se é para falar da cor rosa, podemos focalizar os vários tons — do mais claro ao mais forte, provocante, perto do vermelho. Mas há também, rosas amarelas, azuis e até pretas, sob o toque ( mágico) da tecnologia. A cor tem primazia, na identificação do sexo das crianças: rosa para as meninas; azul para os meninos. E, a uma grávida, após ultrassonografia, ou na porta da Maternidade, pergunta-se: é homem ou mulher? E se responde: mulher, aí já estará a marca do feminismo, porque o ser é apenas um feto ou uma criança. Certamente, para essa , o enxoval será rosa. É por toda essa carga que o outubro cuidando particularmente, da mulher, é Outubro Rosa.
Gilberto Gil colocou a rosa misturada em sorvete, no seu “Domingo no Parque”, para falar de amor e de traição – ” o espinho da rosa feriu Zé e o sorvete gelou seu coração (…)”.O cancioneiro popular brasileiro traz a rosa disputando com o cravo, em drama de amor e sedução, dizendo:”(…) O cravo brigou com a rosa, o cravo saiu ferido, a rosa despedaçada (…)”Outros compositores se inspiraram na rosa para as suas belas criações. Caymmi perguntou: “Onde vais morena Rosa, com essa rosa no cabelo e esse andar de moça prosa?” Cartola cantou com sabedoria: “Queixo-me às rodas, mas que bobagem, as rosas não falam(…)”.
A rosa foi também o símbolo escolhido pelo poeta Vinícius de Moraes, para representar a forma resultante da explosão da bomba atômica jogada sobre o Japão. E ele produziu um texto chamado Rosa de Hiroshima, onde nos convida a pensar nas alterações catastróficas que tais substâncias provocam no organismo humano. Há muitos anos, uma doença terrível se espalha, no mundo inteiro, provocando transtornos, como uma bomba atômica: é o câncer, que castiga, em particular, as mulheres, em órgãos vitais da reprodução humana: o útero e as mamas!
Poetas e ficcionistas deste país já falaram ( e ainda falam) de rosas e de outras flores, em verso e prosa, em todas as estações, embora a Estação das flores seja a primavera. E é na primavera que a saúde da mulher ganha destaque, com o Outubro Rosa que traz o alerta e o alento para combater o câncer de mama que aparece como um botão e desabrocha, como uma flor. Esse mal precisa ser combatido, por mulheres, homens, jovens e crianças de todos os segmentos sociais, em qualquer cidade ou pais. Mas, aqui, em Alagoinhas, falar em combater o câncer, é lembrar e louvar a família Robatto Campos, pela iniciativa da criação do Posto Médico Arlinda Robatto – o primeiro do interior da Bahia, na Liga Baiana Contra o Câncer. A comunidade lutou, bravamente, para que o Posto não fosse fechado, mas, isso, infelizmente, aconteceu.
A Associação de Oncologia continua empenhada, na busca de melhores condições às mulheres que sofrem desse mal e precisam de socorro. Fazemos nós também, nosso apelo, lembrando que a saúde é o bem maior de uma pessoa. E esse termo não se refere, apenas às condições do corpo físico, mas se estende a todos os outros aspectos que contribuem para formar o homem integralmente: o moral, o psíquico, o espiritual, o social, o educacional, o cultural . Portanto, dá para perguntar: somos quantos, na vida de cada um? É tempo, pois, de pensar, na contribuição interpessoal que produzimos, na relação com nossos mais próximos – da família consanguinea à família do trabalho; do ambiente doméstico ao ambiente social. Recebemos e passamos energias positivas e negativas. E essa troca compõe o nosso universo, portanto, temos o a condição e a responsabilidade de criar um mundo melhor para nós e para todos os que nos cercam.
Aproveitemos, então, esse mês, marcado pela pujança da natureza que se oferece em cores firmes, em plantas viçosas, em ventos brandos e acariciantes, em ar gostoso de se respirar, em temperatura amena, formando um conjunto impregnado de misteriosa beleza imaterial, para incluirmos, nela, a nossa vontade de sentir e viver, plenamente. Cada um desses elementos pode representar uma pétala e, na integração, compôr uma rosa de vontades superpostas , de servir, de doar-se, de amar. Uma rosa digna para o outubro de todas as mulheres, em Alagoinhas!
E, como comecei falando de flor, assim quero terminar, lembrando que Geraldo Vandré – o compositor de “Caminhando”, queria falar de justiça social, na sua música mais famosa, mas para abrandar o conteúdo de sua composição, ele cria um sub-titulo: Pra não dizer que não falei de flores”. Eu quero aproveitar, pois, essa criatividade de Vandré, que misturou as flores com a justiça social, para dizer que precisamos misturar as rosas de outubro, com a justiça social de todos os meses, para que o ano inteiro seja benéfico às mulheres e a todo o povo que precisa de vida saudável. Primavera, para todos, no Outubro rosa das mulheres!!!
Alagoinhas, primeiro de outubro de 2021. Iraci Gama
Iraci Gama – secretária municipal de Cultura, Esporte e Turismo – SECULT de Alagoinhas- Bahia.