Luana Cardoso está há um ano à frente da Casa do Poeta, entidade que acaba de comemorar seu aniversário de 25 anos. O que surpreende nesse momento é ter uma jovem escritora já com 11 livros publicados e com títulos na Plataforma da Amazon. Ela descobriu novos caminhos para chegar lá e sair desse nosso pequeno universo que nem chega a ser regional, é um micro universo municipal com algumas gotas caídas aqui e acolá. A Literatura é dura com os monstros sagrados quanto mais para os monstrinhos sagrados, mas sem essa de grande e pequeno, isso não existe, como diz Deleuze em Diferença e Repetição, o grande é o pequeno e o pequeno é o grande, custei a ver sentido nisso, mas agora vejo claramente. Todos esses pequenos juntos formam algo muito maior que os grandes individualmente.
Acho que as grande ideias foram ditas por alguém insignificante e ouvida por um gênio que disse: isso é genial, só precisa ser melhor desenvolvido, voilà. Como disse, ela encontrou o caminho que tem a ver, sim, com esse mundo digital e veloz. Ela não me disse o caminho, claro, não deve ser tão simples… mas está resolvida a fazer com que todos o enxerguem. A saída é atingir a juventude e buscar novas plataformas de fazer literatura para atrair as pessoas até o livro. Você esquece um pouco o “livro”, vai navegando na linguagem e na net(não fica obcecado, curte o momento)… para que todos percebam que tudo veio dele e passem a entender sua importância.
Luana percebe que nos tempos de hoje em que “a literatura é pouco falada, pouco lida”, em que as livrarias estão fechando, é preciso “arregaçar as mangas ” – nada como sangue novo – “é preciso ir atrás dos jovens falar de livro, falar de leitura, falar de literatura, de arte, de cultura, que é o que forma o indivíduo”. Falar de forma contagiante para quem está em condições de ser contagiado, quem ainda tem a mente aberta e pode se lançar em uma nova aventura e criar novos hábitos. Isso dá uma certa tristeza, como se ela não quisesse dizer, mas como quase que dissesse, que existem gerações e mais gerações quase que perdidas para a literatura. Será que não se poderia criar um hospital literário para esse aleijamento cultural? Sim, é como recuperar uma nascente de rio. Delicada e pacientemente.
Luana é entusiasmada, mas também olha com muita gratidão para as gerações que passaram, sobretudo quando fala da Casa do Poeta, “vejo muita resistência, muita resistência, os precursores ralaram muito, de uma casa para o outra, de um local para o outro, até se constituir uma base que permanece até hoje. Se percorreu um caminho, eles já deixaram as trilhas já abertas, a gente só faz seguir e agradecer por terem deixado o caminho mais fácil”.
A enfermeira, sim, Luana é enfermeira, tem expectativa de fazer muita coisa para levar muito amor e muita poesia para todos. Ela acredita que existe espaço para tudo, “vai ter aquele que prefira ler nos tablets, nos kindles da vida e vai ter aquele que prefira pegar o livro, sentir o cheiro do livro, apreciar a diagramação, a história toda… um não desmerece o outro, tem espaço para os dois”.
Uma loja on line da Casa do Poeta está no seu radar e de alguns membros simpatizantes da ideia. Precisa de maior planejamento, definir o site, a hospedagem, a manutenção, saber quem vai controlar, como fazer o delivery, enfim muita coisa pela frente, mas não tenham dúvida de que se alguém consegue é ela. Ela acredita na evolução da parceria com a Prefeitura, especialmente por ter alguém como Iraci Gama responsável pela cultura, “esse evento não aconteceria sem ela”. Já tem muita coisa em pauta lançamento de livros, saraus, festas literárias, mas sempre pensando em renovar, “o novo sempre é bem vindo para movimentar, para trabalhar’.’
E tem várias ideias e entusiasmo: “amo tanto escrever que quero contagiar os que estão em minha volta, com oficinas de escrita criativa, ensinando mesmo a quem tem vontade de começar e não sabe para onde vai, ajudar nesse processo de descoberta e autoafirmação”.
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