O mês de março de 2022 marca os cinquenta anos do Ensino Superior no litoral norte da Bahia. Marca o início das aulas, mas o inicio do funcionamento da Faculdade de Formação de Professores de Alagoinhas – FFPA acontece, mesmo, em janeiro de 1972, com o primeiro vestibular para o curso de Letras. Era um curso de Licenciatura de Curta Duração, ou seja, apenas cinco semestres. Mas, com duas habilitações: Língua Portuguesa e Língua Francesa. A Bahia já tinha curso de duração plena, em Letras, na Universidade Federal da Bahia e na Universidade Católica do Salvador.
A Secretaria de Educação e Cultura da Bahia através do DESAP – Departamento de Ensino Superior e Aperfeiçoamento de Pessoal, instalou quatro Faculdades de Formação de Professores, em quatro grandes cidades: Alagoinhas, Feira de Santana, Jequié e Vitória da Conquista. Ainda na década de setenta – 1976, a Faculdade de Feira de Santana se transforma em Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS. Na década de oitenta, nascem as outras: a do Sudoeste da Bahia, num triângulo interessante, envolvendo Conquista, Jequié e Itapetinga – UESB. Era um princípio de Multicampi. A Faculdade de Alagoinhas, em 1980, junto com outras Faculdades e Centros de Ensino Superior, entrou no processo da Superintendência de Ensino Superior do Estado da Bahia – SESEB – que não vingou. Mas, em 1983, o Dr. Edvaldo Boaventura, Secretário de Educação e Cultura, do Estado da Bahia, cria a Universidade do Estado da Bahia – UNEB, reunindo várias unidades de ensino superior, incluindo a de Alagoinhas que, àquela época, já possuía três cursos: o de Letras, com mais uma habilitação: Português, Francês e Inglês, (iniciado em 1974), Estudos Sociais e Ciências com habilitação em Ciências e Matemática. Estava, assim, criada a Universidade Multicampi da Bahia.
Em 1972, a FFPA funcionou no prédio do Centro Integrado Luiz Navarro de Brito, mas, em 1973, mudou-se para o prédio da Biblioteca. E, tornou-se uma Faculdade Regional atraindo estudantes de todos esses municípios vizinhos à Alagoinhas. O auditório da Faculdade virou a casa dos artistas de Alagoinhas, onde aconteciam os ensaios e as apresentações dos espetáculos artísticos: do teatro, da dança, da música, da literatura, das artes visuais, etc. E vários seminários que abordaram diferentes temas, inclusive os de base política, pois era tempo de ditadura e, uma Instituição de Ensino Superior precisava trazer sua palavra e suas ações e contribuir para a restauração da democracia. Os estudantes das escolas estaduais vinham para esses debates, para assistir aos filmes, para participar dos Encontros de Cultura que começaram em 1978. Em 1979, foi criado o Clube de Cinema e Fotografia. Em 1980, foi criado o Grupo Pró Memória de Alagoinhas, quando a discussão sobre a história da cidade toma fôlego. Em outubro de 1985, o Movimento Cultural cria a Casa da Cultura que se instala, inicialmente, na Academia La Dance, da bailarina e professora de dança, Jô Correa. Isso porque, a Faculdade teria curso noturno, a partir de 1986.
É importante lembrar que a comunidade sonhava com a transformação da FFPA, em Universidade, como aconteceu com as outras três Faculdades. Mas, a força do poder oficial que criou a UNEB aprisionou a Faculdade de Alagoinhas numa Universidade Multicampi. E sua comunidade resolveu pensar em crescimento, por dentro da instituição, buscando cursos de duração plena e uma sede própria, em espaço mais amplo, onde pudesse aumentar sua área de atuação. Foram criadas comissões com a participação de estudantes, professores e funcionários, além de pessoas da comunidade não acadêmica, para montar os currículos. Também foi criada uma comissão para procurar uma área onde o Campus Universitário fosse instalado.
Em 1985, a Comissão de Alagoinhas, junto com a Pró-Reitoria de Graduação da UNEB entregou os projetos dos cursos plenos ao Conselho Estadual de Educação que os aprovou e autorizou o Vestibular que aconteceu em janeiro de 1986, para os cursos de Graduação em Letras, com as três habilitações; em História e em Ciências com duas habilitações: Ciências e Matemática. Começa, aí, uma nova etapa para a FFPA. Em 1989, a Secretaria de Agricultura entrega a área da antiga Fazenda Experimental de Citricultura para a Secretaria de Educação que a incorpora aos equipamentos da Universidade do Estado da Bahia, em Alagoinhas. Fizemos uma festa, na área do Campus, para onde mudamos, ocupando prédio novo, construído com a supervisão da SUCAB – Setor de Obras Públicas do Estado da Bahia, em 1994. E encerramos o trabalho da Comissão Pró – Campus. Ficamos, portanto, 21 anos no prédio da Biblioteca Municipal Maria Feijó que já estava em fase de reorganização, pela Casa da Cultura de Alagoinhas. E ela, em 1996, foi instalada em seu próprio prédio, onde continua funcionando, na Praça Conselheiro Rui Barbosa.
Em 1996, um novo curso ganha espaço na Faculdade: Análise de Sistemas. E começa a discussão sobre outros, sendo que o de Educação Física se instala em 1998, depois da aprovação de uma Lei que altera o sistema administrativo da Universidade, em 1997, o qual elimina todas as Faculdades e Centros de Ensino Superior, deixando suas representações, por conta dos Departamentos. Alagoinhas passa a ter, então, o Departamento de Educação para gerir os cursos de Letras e de História e o Departamento de Ciências Exatas e da Terra, para os cursos de Biologia, Matemática e Análise de Sistemas. O curso de Educação Física, portanto, vai para o Departamento de Educação e o de Engenharia Ambiental, que vem depois, vai para o Departamento de Ciências, Exatas e da Terra.
Os cursos de Pós-Graduação também foram sonhados por essa comunidade que, em 1993, realizou o primeiro curso de pós: Especialização em Matemática. Depois vem a Especialização em Estudos Literários. O povo da Educação começa a desejar um Mestrado em Educação que foi definido na Faculdade de Educação – FAEEBA – em Salvador, mas decide pela autorização de um curso fora da sede, o qual seria em Alagoinhas, pois, foi em Alagoinhas que essa proposta nasceu. Em 2009, tem início o Mestrado em Crítica Cultural, puxando, com ele, um conjunto de realizações e eventos, incluindo uma área física, com auditório, laboratórios, salas de aula, etc. O Mestrado projeta o Curso e a UNEB, com intercâmbio fora da Bahia e luta por um Curso de Doutorado e por um Departamento de Letras que resgate o Sistema de Departamentos anterior a 1997. Hoje, temos, no Campus II as licenciaturas em: Letras, História, Educação Física, Biologia, Matemática e Pedagogia; Bacharelados em: Análise de Sistemas e Engenharia Ambiental e Sanitária. E os cursos de Pós-Graduação: Lato Sensu – Especialização em Educação Matemática; Especialização em Biologia Vegetal; Especialização em Zoologia; Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestrado em Biodiversidade Vegetal (2010), Mestrado em Modelagem e Simulação de Biossistemas (2020). Mestrado em História. Mestrado e Doutorado em Crítica Cultural. E um novo Departamento. DLLARTES – Departamento de Linguística, Literatura e Artes.
Em 1994, a Faculdade mudou-se para a sede própria, na área do Campus Universitário de Alagoinhas onde se encontra, portanto, há 28 anos. Como a Faculdade começou em 1972, podemos somar esses 28 anos, da área do Campus, com os 22 anos da área central da cidade e fechar os 50 anos de vida total da Faculdade, até agora. O auditório continuou sendo o espaço dos artistas, até que ficou impossibilitado de uso. Aos cinquenta anos de vida, bem vivida, esse espaço pede clemência. Quer voltar ao convívio dos artistas, e a SECET, para atender ao seu clamor, quer repetir com a – CASCA – Casa da Cultura de Alagoinhas: PELA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE ALAGOINHAS! “TODO APOIO À ARTE”.
Alagoinhas, 31 de março de 2022
Iraci Gama – pela SECET
Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo de Alagoinhas.