Por Ednaldo Soares
No dia (2/6/22) em que os ingleses se voltaram às celebrações dos 70 anos de reinado de Elizabeth II, o apresentador de um programa espírita na Rádio Metrópole, em Salvador, pegou o microfone para falar da visita feita pela soberana ao Brasil, em 1968. Disse ele ter sido testemunha ocular de sua passagem por Salvador e que a viu desfilar pela Av. Sete, na companhia de ACM. O pior é que tem quem acreditou nesse último detalhe.
Na verdade, eu tb estava lá e vi que não foi bem assim; lembro-me bem de alguns detalhes. A rainha e seu consorte mais a comitiva aterrissaram em Recife, em 1 de novembro de 1968. No mesmo dia, partiram para Salvador no Iate Real Britannia (ali aportado desde antes da chegada da monarca).
Chegaram, aqui, no dia seguinte (2/11/1968) e foram recebidos pelo governador Luís Viana Filho, no Palácio da Aclamação – então, residência oficial dos governantes baianos. À época, disseram que um dos aposentos do palácio foi reformado para o caso da rainha precisar usá-lo; em especial o sanitário, que teve todas as peças trocadas para a possível reinauguração.
O governo também providenciou a vinda de São Paulo para cá de um automóvel Rolls Royce conversível para o passeio e visita da rainha a pontos e instituições turísticos, tais como: Pelourinho, Igreja de São Francisco, Mercado Modelo, Museu de Arte Sacra-MAS (no MAS, Elizabeth II foi guiada por Dom Clemente da Silva Nigra, diretor do museu).
O passeio-visita partiu do Palácio da Aclamação e deu a volta no Campo Grande, onde foram feitas duas paradas. A primeira, no local onde hj está edificado o prédio Britânia Mansion. Antes, ali existia uma casa, que foi transformada para sediar a British Church (igreja anglicana em Salvador), frequentada pela comunidade inglesa na cidade (local onde, nas manhãs de domingo, eu ia aos cultos a fim de praticar inglês).
A segunda parada, foi em frente ao Teatro Castro Alves, para a rainha receber a homenagem prestada por alunas da EBATECA, que fizeram uma breve apresentação de balé nas escadarias anteriores à entrada do teatro. Dali, os governantes e sua Entourage saíram em préstito turístico pela parte central da cidade.
Curiosidades: foi um dia ensolarado. O carro estava sem a capota. O único acompanhante ao lado da rainha era o governador Luís Viana Filho, que segurava um guarda-sol preto para protegê-la dos raios solares.
Disseram que a rainha não usou o aposento do palácio que lhe fora preparado; repousou apenas em seu Iate Real. ACM não lhe fez companhia em momento algum. Que história de rádio mais mal contada.
A única dúvida que restou e ainda resta é sobre quem foi que inaugurou o vaso-trono do palácio. A rainha, pelo que se sabe, é que não foi.
Fotos retiradas do site Diário de Salvador