Por Mackson Viana
Familiares, amigos e escritores da literatura alagoinhense prestaram as últimas homenagens ao jornalista, radialista, escritor, poeta e cordelista Altamiro Lira, na tarde de sábado (25), na Sala Velatória da OSAB, no Bairro de Alagoinhas Velha, em Alagoinhas (BA).
O jornalista morreu vítima de infarto, aos 69 anos, na noite desta sexta-feira, no Hospital das Clínicas de Alagoinhas (HCA), no centro da cidade.
Amigos e irmãos testemunhas de Jeová, religião que Altamiro seguia, fizeram a despedida com discursos e cânticos religiosos, como “Grandioso És Tu” e “Te Louvarei”.
Otoniel Marcos, de 56 anos, sobrinho do irmão mais velho de Altamiro, disse que o jornalismo e a cultura de Alagoinhas perdem um grande poeta que irradiava alegria, entusiasmo e otimismo aonde chegava. “Perdemos um intelectual e radialista. Um grande amigo de coração generoso que amava seu próximo independente de sua classe social. Era amado por muitos. Um artista da cultura de cordel que com simplicidade contou em prosas e versos, suas histórias e como via a vida. Sempre estava preocupado com a natureza dos mais humildes. O humor era a sua tônica. Quando chegava não tinha tristeza. Meu tio, obrigado por tudo. Sentimos muito a sua falta. Que o Jeová que você muito acredita, cuide de você. Pois a sua fé é inabalável. Sempre tive orgulho e prazer de ser seu sobrinho. Descanse em paz. Estamos em oração por você nesta passagem”, homenageou.
A filha mais velha do jornalista, Karolina Lira, 44, lembrou da generosidade do pai com as pessoas e do amor que ele tinha com a arte e a cultura. “Meu pai era um exemplo de homem e de ser humano. Ele só pensava no amor. Ele não se apegava em nada material, só na fraternidade. Como amava as pessoas, os amigos e a família! Era um homem culto e tinha uma paixão pela arte. Não tinha diploma, mas escrevia muito bem. Uma de suas obras lançadas foi “Brasil Gigante”. Ele era um homem bondoso que doava cestas básicas para os mais necessitados. Amava a todos”, relatou sobre as qualidades do seu pai.
Karolina Lira, filha mais velha de Altamiro Lira se aproxima da urna funerária e homenageia seu pai.
O vice-presidente da Casa do Poeta de Alagoinhas (CASPAL), Sílvio Pereira, em nome de todos os pensadores e intelectuais, destacou o legado de Altamiro Lira para a literatura alagoinhense. “Para nós ele não morreu. Está passando para um patamar maior para nos ajudar e nos proteger, porque Altamiro tinha essa qualidade ímpar e maravilhosa. O discurso dele era simplesmente para afagar os corações. Eu não gosto de falar, mas é muito difícil perder um poeta”, expressou.
O repórter esportivo e locutor aposentado, João Batista, de 83 anos, lamentou que poucos colegas de profissão compareceram à cerimônia fúnebre de Altamiro Lira. “Essa é a última homenagem que a gente presta a um grande amigo e radialista. Agora fica aquela dor, cadê os companheiros de rádio? Não tem. Só eu aqui, (a radialista e jornalista Noêmia Alves, foi representada pelo repórter Mackson, colaborador do Folhão, pois por estar com problemas de saúde não pôde comparecer).
A gente fica triste numa hora dessa não ver outros colegas aqui. Ele era um grande amigo e um grande professor. Nós trabalhamos na Rádio Emissora de Alagoinhas 1240 AM. Ele sempre me ensinava como exercer a profissão”, relembrou com saudosismo.
João Batista, repórter esportivo, locutor e amigo de Altamiro Lira
O bancário aposentado, Solon Barros, de 84 anos, também deu seu último adeus ao amigo de mais de 30 anos. “Ele era uma figura muito simpática. Alagoinhas está perdendo uma personalidade muito importante, porque ele foi uma pessoa sensata. Um jornalista sério. Ele confessou que jamais cedeu a se dobrar perante a dinheiro e nem política. Ele foi um homem realmente muito justo ”, relatou.
Solon Barros, bancário aposentado
O comunicador deixa esposa, a professora aposentada Neuza Moreira, oito netos, e os filhos Karolina, Lorena, Kamila e Leonardo.
Filhos e Neuza Moreira, esposa de Altamiro Lira, dando o último adeus ao jornalista.
Após a cerimônia fúnebre aberta ao público, o cortejo seguiu para o Cemitério da OSAB, na BR 110, onde será realizada a cerimônia de cremação do corpo de Altamiro Lira.
Trajetória
“O amor ao rádio fez com que Altamiro Lira Gomes mudasse de profissão dando outro rumo à sua vida. Resolveu se dedicar exclusivamente ao rádio, assumindo sua paixão pela Comunicação.
Ele era feliz se dedicando ao rádio, à literatura, poesia, cordel. Membro da Casa do Poeta de Alagoinhas e criador de programas de auditório e do nostálgico Momentos de Recordações, que fez grande sucesso.
Fui sua colega no início da nossa trajetória no rádio desde a saudosa Rádio Emissora de Alagoinhas-AM1240, onde ele apresentava o programa Fórum de Debates. Também em passagens pela 93Fm e Digital…”, conta Noêmia Alves, radialista e editora do Folhão News.
Altamiro também colaborou em periódicos locais, participou do Projeto Pedagógico Cultural com o colega José Olívio (2002), e, criou o Clube do Entusiasmo disseminando o otimismo por onde passava.
Muito querido, deixa um grande legado, concluiu Noêmia Alves.