Por Mackson Viana
Fotos : João Arruda
O romancista e dramaturgo baiano Dias Gomes será o homenageado da Terceira Edição da Festa Literária Internacional do Paiaiá – FliPaiaiá que terá início nesta quarta-feira (27), no povoado de São José do Paiaiá, em Nova Soure, no Litoral Norte e Agreste Baiano. A abertura será feita pelo Diretor Geral da FliPaiaiá, Geraldo Prado.
Em seguida será exibida uma palestra virtual proferida pelo jornalista e especialista em políticas culturais, Albino Rubim. O palestrante falará sobre as contribuições do autor de telenovelas e membro da Academia Brasileira de Letras, Dias Gomes para a cultura e televisão no Brasil.
As comemorações ao centenário de Dias Gomes continuam no segundo dia (28) da FliPaiaiá 2022. Pela manhã, das 10h às 11h, terá uma homenagem ao escritor durante a palestra do jornalista baiano Marcelo Torres. No mesmo dia, no período da tarde, a escritora e secretária municipal de Cultura, Esporte e Turismo de Alagoinhas (SECET), Iraci Gama, fará uma palestra com o tema “Dias Gomes no Teatro de Alagoinhas”.
Dias Gomes fez parte da terceira geração do modernismo brasileiro, acompanhado por autores como João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector. Os Pós-modernistas, também conhecidos como a “Geração de 45”, foram marcados na história da literatura brasileira pelo fim da Segunda Guerra Mundial e do “Estado Novo” que era comandado pelo então Presidente da República Getúlio Vargas.
Programação presencial e on-line
Neste ano, a programação da FliPaiaiá será diferenciada. Nas datas 27 (quarta-feira) e 30 (sábado) de julho, o evento será no formato on-line. Já em 28(quinta-feira) e 29 (sexta-feira) de julho, as atividades serão presenciais com uma expectativa de mil pessoas por dia, segundo os organizadores.
A Curadoria da FliPaiaiá 2022
O curador do FliPaiaiá 2022 é o contador e escritor baiano, Luiz Eudes. Nascido na cidade de Sátiro Dias, no interior da Bahia, desde os 11 anos, o intelectual sempre teve o compromisso com as letras e a literatura. “Eu tive a sorte de nascer numa casa que tinha livros. O meu tio Manoel Vieira que era agricultor e, apesar de não ter formação escolar, era um homem de visão de futuro. Ele me apresentou aos livros, à sua biblioteca particular. Lá eu tive o acesso às enciclopédias e à coleção de autores brasileiros renomados como Rui Barbosa, Monteiro Lobato, Jorge Amado e Gilberto Freire. E, também, a clássicos da literatura Russa e Americana. Foi assim que passei a ter contatos com os livros. O primeiro livro que li foi “Carta ao Bispo”, de Antônio Torres, imortal da Academia Brasileira de Letras. A partir daí decidi ser um grande leitor. Então desde a infância todos os dias leio, principalmente obras de romance. Eu aprecio autores como Jorge Amado, Aleiton Fonseca, Antônio Torres, Domingos Oliveira e autores estrangeiros como o norte-americano William Faulkner e o português Miguel Torga”, relatou.
Luiz Eudes carrega em sua bagagem cultural as curadorias de eventos literários como o Sarau da Cidade e Literatura com Cachaça, realizados em Alagoinhas, na Bahia e, do Sarau in Sampa, em São Paulo.
Como escritor, já publicou 6 livros solos e tem participações em inúmeras antologias. Entre as suas obras, o livro “Gangalha do Vento” que narra a história de quatro gerações de uma família do sertão baiano. Publicada na Itália, em Angola e em Portugal e pela quarta vez no Brasil, já foi autografada em jornadas pedagógicas e ganhou a aprovação das universidades, dos colégios mineiros e baianos para ser objeto de estudo.
Luiz Eudes também é ativista cultural, especialista em teoria literária, roteirista, membro de importantes instituições literárias nacionais e locais como a Casa dos Poetas de Alagoinhas (Caspal), a União Baiana de Escritores, a Academia de Letras e Artes de Fortaleza e a União Brasileira de Escritores, em São Paulo. É sócio fundador da Academia de Letras do Vale do Itapicuru e do Círculo Acadêmico de Letras e Artes de Moçambique. Além disso, o autor recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais.
Em entrevista à equipe de reportagem do Jornal e Portal Folhão News Alagoinhas, o escritor e curador da FliPaiaiá 2002, Luiz Eudes, falou sobre a programação do evento, a importância da homenagem a Dias Gomes e dos motivos que contribuem para a superficialidade do hábito da leitura na geração atual.
- Por que a III Festa Literária Internacional do Paiaiá – FliPaiaiá resolveu homenagear o dramaturgo, novelista, romancista e escritor Dias Gomes? A III FliPaiaiá, idealizada pelo professor Geraldo Prado, é uma realização da Biblioteca Comunitária do Paiaiá, e tem como homenageado nesta edição o escritor Dias Gomes em razão de ser o ano do centenário do nascimento dele.
- Por que falar de Dias Gomes? Quais são as contribuições que o autor pode trazer para a geração atual? As obras de Dias Gomes transpõem o tempo-espaço e é enriquecedora à medida que o contexto e narrativa não ultrapassaram a linha do esquecimento.
- Você é o curador da Feira. Conte como foi projetada a programação da FliPaiaiá 2022? Foi projetada dentro do cenário atual da nossa literatura, com autores regionais, nacionais e até internacionais.
- Qual a importância de cada participante para a Feira? Importância múltipla, desde a senhora da limpeza, ao mais famoso palestrante. Cada um traz a sua contribuição.
- Quais são as atividades indígenas que a FliPaiaiá terá para o público? Palestra, roda de conversas, exposição de artesanato e lançamento de livros. Teremos as participações do Cacique Juvenal Payayá e da sua esposa Edilene Payaya, do Rafael Xucuru-Kiriri e de outros índios da aldeia Kiriri.
- O que o público pode esperar da Festa Literária deste ano? Qual é a linha curatorial? Esta edição traz ao público palestras, artes plásticas, oficinas, contação de histórias, rodas de conversas, teatro, exibição de filmes, exposições, lançamentos de livros, artesanato, música, circo, etc. Enfim, por orientação do professor Geral Prado, uma vasta programação para crianças, jovens e adultos.
- Qual a importância da FliPaiaiá 2022 para a cultura e para a literatura da Bahia ? Toda festa literária é um vetor de desenvolvimento cultural, quer para a cidade que a promove, quanto para a região a qual está inserida.
- Essa edição do evento é uma oportunidade para firmar novas parcerias? Quais são as expectativas com relação a isso? Todo evento é sempre uma oportunidade de se construir pontes entre a cidade que promove e outros polos culturais.
- A geração atual está perdendo o hábito da leitura? Será que estamos vivendo um hábito de leitura superficial?
Hoje se lê mais do que antes, principalmente na escola pública. A maioria das cidades brasileiras dispõe de bibliotecas públicas com acervo considerável à disposição da população. Além do mais, os avanços tecnológicos contribuem de forma muito positiva para isso. - Para fechar a entrevista, fale quem é o autor Luiz Eudes? Sou uma pessoa para quem ler e escrever tem qualquer coisa de muito especial. Se me tirarem os livros, verdadeiramente, não sei o que sobrará. Eu sou fruto do que leio e do que escrevo. Eu sou este fruto. Faço literatura por prazer. Tenho um compromisso com a escrita. O meu desejo é alcançar a mente e o coração de quem me ler, é criar uma intimidade com o leitor. Busco um mundo onde as pessoas tenham mais acesso aos livros, ao cinema, ao teatro, as artes. Peço a Deus, ao amanhecer, que me torne uma pessoa melhorada a cada novo dia. Acredito que precisamos de reforma continuada e assim procuro agir.
Confira outras fotos que registram a paixão do escritor Luiz Eudes pelas letras e literatura: