A literatura brasileira perde uma de suas grandes representantes. A escritora baiana Helena Parente Cunha faleceu hoje.
Formada em Letras pela Universidade Federal da Bahia em 1952, estudou língua, literatura e cultura italiana na Università Italiana Per Stranieri em Perúgia. Trabalhou como tradutora. Fez o mestrado na UFRJ, doutorado na UFSC e estágio pós-doutoral na UFRJ. Foi professora do curso de Letras da UFRJ até aposentar-se, em 1997.
Foi professora titular do Departamento de Pós-Graduação em Letras (Ciência da Literatura) da mesma universidade, atuando na linha de pesquisa “Literatura comparada e imaginários culturais”. Desde o fim dos anos 1980, desenvolveu pesquisa sobre a representação feminina na literatura e a produção de escritoras brasileiras do século XIX ao início do XXI. Vários contos e poemas de sua autoria integram antologias no Exterior.
Seu primeiro livro, Corpo do Gozo, foi premiado no Concurso de Poesia da Secretaria de Educação e Cultura da Guanabara, em 1965
Autora de diversos livros em diversos gêneros: Poesia (Corpo no Cerco, 1968; Maramar, 1980; Além de Estar, 2000; O Outro Lado do Dia: Poemas de uma Viagem ao Japão, 1995; Cantos e Cantares, 2005); Conto (Os Provisórios, 1980; Cem Mentiras de Verdade, 1985; A Casa e as Casas, 1996; Vento, Ventania, Vendaval, 1998); Romance (Mulher no Espelho, 1982, traduzido na Alemanha e nos Estados Unidos; As Doze Cores do Vermelho, 1989; Claras Manhãs de Barra Clara, 2002); Infantil (Marcelo e Seus Amigos Invisíveis, 2003); Teoria/ensaios: Jeremias, a Palavra Poética: Uma Leitura de Cassiano Ricardo; O Lírico e o Trágico em Leopardi (1980), Mulheres Inventadas 1: Visão Psicanalítica, Descompromissada e Interdisciplinar de Textos na Voz Masculina (1994); Mulheres Inventadas 2: Visão Psicanalítica, Descompromissada e Interdisciplinar de Textos na Voz Masculina (1997); Desafiando o Cânone. Aspectos da Literatura de Autoria Feminina na Prosa e na Poesia (Anos 70-80) (1999).
Possui, ainda, a obra 100 Mensonges pour de vrai, publicada em Paris, 2016.
Tive o prazer de conhecê-la na UFRJ em 1982. Fui aluno no Mestrado de sua irmã, Zilma Parente Barros, que era casada com outro professor que tive de literatura brasileira na graduação, Antonio Barros.
Texto de Décio Torres, da Academia de Letras da Bahia
Dia 11 de fevereiro de 2023