José Olívio
O Cordel ultimamente
Muito vem se destacando
Os espaços culturais
Cada vez mais ocupando
Como esse que agora
Estamos apresentando.
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De origem provençal
Desde o renascimento
Marcou na Idade Média
O seu aparecimento
Vem do luso-espanhol
O fiel depoimento.
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Aqui chegou no balaio
De quem nos colonizou
Os colonos portugueses
Pra eles loas eu dou
Dos seus relatos orais
Foi que se originou.
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É poesia popular
Escrita em forma rimada
Não dispensa um gracejo
E a forma metrificada
É cordel por ser exposto
Numa corda pendurada.
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Verso, estrofe, rima, métrica
E também a oração
Cada linha é conhecida
Como pé por tradição
É tido por pé quebrado
A má versificação.
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Tem a cara do Nordeste
O seu tema é variado
O cangaço, o dia a dia,
Lenda, episódio narrado,
Ou a vida de alguém
Como no caso enfocado.
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Jorge Galdino Santana
Foi um autor de cordel
Fez poesia, compôs hinos,
Foi atleta de plantel
E do Esquadrão de Aço
Sempre se mostrou fiel.
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Deve ao saudoso Zezito,
Um querido primo seu,
O despertar pro cordel
Que pra ele muito leu
Histórias de João Grilo
Que ele nunca esqueceu.
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Filho de dona Galdina
E Leôncio de Santana
Foi nascido na Fazenda
Que inda Buri se chama
Ali dormia em rede
Ou mesmo vara de cama.
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Em Pedrão se localiza
A referida fazenda
Há um fato curioso
Mais parece uma lenda
A cidade está montada
Em uma pedra tremenda.
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Aos dezoitos anos ele
Foi morar na capital
Foi servente de pedreiro
E depois oficial
Jardineiro, eletricista,
Funcionário estadual.
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Auxiliar de Escritório
No Severino Vieira
Depois de ser vigilante
Serviu de toda maneira
No hospício trabalhou,
O Juliano Moreira.
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O cordelista Galdino
Sempre gostou de estudar
Numa carta de ABC
Veio se alfabetizar
Por isso tirou de letra
Em mais dum vestibular.
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Desde menino já tinha
Com poesia afinidade
Era escolhido na escola
Ia com toda boa vontade
Para recitar tratando
Temas de amor e saudade.
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De Gonçalves Dias sofreu
Forte influenciação
Pois a “Canção do Exílio”
Não saia do coração
Menino, quando caçava,
Sabiá era exceção.
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Aos dezoito quando tinha
Um caderno concluído
De poesias e de músicas
Ou de amor mal resolvido
Por ser tachado de louco,
Destruiu arrependido.
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Por esse tempo ele foi
Pra Alagoinhas transferido
No colégio Estadual
Ele foi bem recebido
Casa com Maria José
O seu amor preferido.
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Três filhos tem o poeta
Os quais de orgulho lhe enche
Dois varões, uma virago
Sobre eles ninguém pense
Que dependem do poeta
Pois é trio independente.
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Não sei se pulou cerca
Se pulou é novidade
Pois não consta na estatística
Da nossa grande amizade,
O vaqueiro na caatinga
Vive pulando à vontade.
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Contrário ao Santo Guerreiro,
Não é muito de furar
Seu histórico apresenta
Que seu forte é fundar
Sabemos que contra fatos
Não se pode argumentar.
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Em dois mil e sete ele
Fundou a Associação
(Se não me engano em outubro)
Do’Encourados de Pedrão
No Desfile 2 de Julho
Dá início à exibição.
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Da Associação de Bairro
Donde mora é fundador
E da Casa do Poeta
É também cocriador
Como pode observar,
Em fundar é professor.
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“A Poesia e O Poeta”
Tem a sua criação
Da rede Edgar Torres
Que da terra é Cidadão
Conforme lhe concedeu
Justo título em ação.
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O Sarau do Boi Encantado
Faz-lhe justa reverência
Igual a Torres, a Câmara (Antônio)
Também lhe fez deferência:
Cidadão Alagoinhense
Por mostrar sua competência.
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Foi um poeta também
Chegado à Cavalgada
Gibão, alforge, perneira
Sua roupa engalanada
Já correu boi na caatinga
E também em vaquejada.
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Sarau do Boi Encantado
Rendeu graça ao Vaqueiro
Lídimo representante
De quem no laço foi ligeiro
Hoje cavalga no céu
Quem no trotar foi faceiro.
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Foi da Casa do Poeta
Atuante presidente
Foi também interino
Sempre muito competente
Ao partir Pedro Machado
Deixando triste a gente.
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Da Academia de Letras
É também membro efetivo
Dessa não foi fundador
Falar verdade é preciso
As honrarias só servem
Quando o sujeito inda é vivo.
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O Marco é um estilo
De cordel biografado
Pedro Rodrigues é mestre
Que tem nos orientado
Já são cinco cordelistas
Brilhando no nosso quadro.
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Jorge Galdino e Olívio
Eu é que sou o José
Não diga José Galdino
Nesse vate eu boto fé
Se eu transcrevo a história
E inventivo ele é.
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Com Pedro Rodrigues ele
É costumava duelar
Em verso de improviso
Era bonito escutar
Suas tiradas jocosas
Faziam-nos gargalhar
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Tínhamos algo em comum
Qual no tempo de menino
Levei ele ao cordel
Ele me levou ao hino,
Ao nascer a gente traz
Já traçado o destino.
No dia de São Jorge,
Homenagem a Jorge Galdino
O Poeta Vaqueiro.