O dia 08 de janeiro entra para a história como um marco de resistência da democracia brasileira. Foi nesse dia que as instituições do nosso país, testadas em sua solidez e legitimidade, demonstraram resiliência diante de um ataque orquestrado contra a ordem constitucional. Não se tratou de um simples episódio de radicalização política; foi uma tentativa de golpe, como deixaram claro as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público.
Em 2024, compreendemos com maior profundidade o caráter desses ataques e a natureza antidemocrática e fascista de seus articuladores. Eles desafiaram os pilares fundamentais da nossa democracia, mas fracassaram frente à determinação de um povo que não aceita retrocessos. Essa resistência não foi construída apenas pelas autoridades constituídas, mas pela vigilância permanente de uma sociedade que reconhece a importância da democracia como base histórica para construir o presente e o futuro da nossa nação.
A democracia é uma conquista diária, é um processo contínuo que exige atenção e compromisso. Às instituições do Estado cabe o dever de punir exemplarmente os responsáveis pelos ataques e de aprimorar os mecanismos de proteção constitucional. Mas a defesa da democracia vai além das estruturas institucionais. Ela nasce e se sustenta dentro da sociedade civil, na imprensa livre, nas escolas, nas universidades e na força das lideranças populares e dos movimentos sociais. Esses atores são os guardiões da legalidade e as vozes que ecoam a vontade de um Brasil justo e plural.
Como educador, acredito profundamente no poder da memória e da história para formar consciências e impedir sejamos enganados enquanto povo. O Oito de Janeiro de 2023 deve ser uma grande aula pública, uma oportunidade para ensinar às futuras gerações o valor da liberdade e da justiça. É essencial que nossas escolas, os movimentos sociais, as instituições e os grupos organizados utilizem essa data para refletir sobre seu significado histórico e transformar a memória em aprendizado coletivo.
Por isso, a iniciativa do Presidente Lula de estabelecer o 08 de janeiro como um dia nacional de reflexão sobre a democracia é muito oportuna. Esse gesto não apenas reforça a memória coletiva, mas também fortalece a consciência democrática do povo brasileiro. Mais do que relembrar, registrar essa data é reafirmar os valores que nos definem como nação e os compromissos que assumimos com as gerações futuras.
A memória, afinal, não é apenas o registro do que aconteceu. Ela é uma escolha política sobre o que queremos guardar e ensinar. Guardamos, por um lado, as lições das conquistas democráticas, para nos orgulhar e continuar avançando. Por outro, preservamos os traumas e os erros, para que nunca mais se repitam. No caso do 08 de janeiro, guardamos ambos: o orgulho de resistir e o alerta para nunca baixar a guarda diante do autoritarismo.
Na Bahia, terra do 2 de Julho, de lutas históricas e de protagonismo na construção da identidade nacional, entendemos a importância desse compromisso com a memória e a resistência. O nosso povo, que já enfrentou tantos desafios ao longo dos séculos, segue vigilante na defesa da democracia e de um Brasil mais justo e solidário.
O 08 de janeiro não é apenas uma data no calendário. É um símbolo de nossa força coletiva e da capacidade de superar os desafios que atentam contra nossos direitos mais fundamentais. Que esse dia nos inspire a continuar lutando pela democracia, com a convicção de que ela é o maior patrimônio de uma nação que constrói seu próprio futuro. Viva o Brasil democrático! Que a justiça e a democracia prevaleçam.