Por Mackson Viana
O mundo da literatura, da leitura e da escrita na cidade de Alagoinhas comemora em grande estilo a revelação de novos escritores com idades entre 10 e 18 anos durante a entrega dos prêmios aos 3 vencedores do 1º Concurso Literário Infanto-Juvenil da Casa do Poeta de Alagoinhas (CASPAL) – “Jovens Florescendo na Literatura”.
A iniciativa foi realizada pela CASPAL com a proposta de descobrir novos talentos da escrita na região do Litoral Norte e Agreste Baiano. “Esse projeto foi pensado para os jovens. Eu mesma comecei a escrever por incentivo de um professor na escola durante a minha adolescência. Foi assim que me descobri como escritora e poetisa. E hoje é muito importante a gente ensinar os jovens, afinal de contas o futuro depende muito desse gás, dessa força jovem”, disse Luana Cardoso, presidente da Casa do Poeta de Alagoinhas.
Luana ainda destacou a importância da valorização do incentivo da produção literária entre os jovens. “Nós precisamos orientar, instruir. Por isso eu me senti muito tocada para fazer esse projeto com o objetivo de incentivar os jovens a mostrarem a importância da leitura e da escrita”, explicou.
O projeto levou 5 meses de execução e resultou a antologia “Jovens Florescendo na Literatura” que reúne a produção de 30 poemas e contos escritos por jovens estudantes do ensino fundamental e ensino médio de escolas públicas e privadas de Alagoinhas e de Distritos da cidade. “Lançamos o edital, prorrogamos. Mas ainda é difícil chegar às escolas. É difícil contar com apoio dos familiares porque muitas vezes dizem: escrever para que? Se não se vive de escrita. Mas escrever é libertador. Inclusive também é terapêutico. Por mais que a gente não viva de escrita, a gente consegue ter uma qualidade de vida, se auto cura e toca também o outro com as palavras”, explicou.
Os vencedores do concurso
Sofia Rezende Paganelly, 12 anos, é aluna do 6º ano do ensino fundamental do Colégio Santíssimo Sacramento e conquistou o 1º lugar do concurso literário da CASPAL. Foi na infância que Sofia começou a ter paixão pela escrita. Para concorrer a premiação, ela escreveu o conto “A tribo e seu Traidor” que foi inspirado na série Gatos Guerreiros de Erin Hunter para concorrer a premiação. Na narrativa foram inseridos momentos de mistérios e aventuras. “O conto que eu escrevi retrata uma tribo de gatos que vive numa floresta e o seu líder era um traidor. Uma gata qualquer da tribo acabou descobrindo e conseguiu acabar com isso. E a gata acabou vivendo a líder da tribo”, explicou.
Mark Paganelly, pai de Sofia, fica impressionado com o interesse dela pelo mundo da leitura numa época em que a geração atual é totalmente digital. “Eu como pai dela, fico muito orgulhoso de ver que ela está crescendo com essa mentalidade de aperfeiçoar a escrita. Eu sempre procurei incentivá-la desde pequena a ler revistinhas em quadrinho, buscando inserir ela nesse mundo da leitura. Com isso ela foi tomando gosto e hoje ler livros e romances. É muito difícil para crianças da idade dela interagir tanto com os livros. A gente ver muito mais crianças ligadas a celulares, computadores e videogames do que no mundo da leitura”, destacou.
A 2º colocada do concurso literário foi a estudante do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual Brasilino Viegas, Amanda dos Santos Conceição Lima, de 17 anos. Com seu jeito tímido e uma imaginação criativa, a jovem escritora escreveu o poema “Sepultura”. Com escrita corrida e composto de rimas versos, o texto literário de Amanda, expressa emoção e sentimentos, fazendo uma homenagem póstuma ao seu avô paterno que foi dentista e professor de língua portuguesa.
Para a professora de Biologia, Maria José Dias Sales, a jovem Amanda está trilhando o caminho certo para ser uma grande escritora. “Hoje essa classificação é muito importante para mim como professora, educadora e orientadora dela no Clube de Ciências e, também como professora do Colégio Estadual Brasilino Viegas que abraça os sonhos e incentiva os professores a fazerem todo esse trabalho diferente com os alunos. A Amanda é uma pessoa muito talentosa, dedicada e inteligente. Ela tem iniciativa e atitude, então o caminho do sucesso dela é certo”, explicou.
Como 3º colocada do concurso literário, ficou a estudante do 6º ano do ensino fundamental do Colégio Star, Alícia Ketlyn Souza Marques, de 12 anos. Para participar da competição literária, a jovem escritora escreveu o conto “O Vaso Desaparecido” que traz uma narrativa cheia de mistérios. “Eu soube do concurso pela minha mãe e eu decidi me inscrever. Então eu fiz um conto que apresenta a história de um vaso muito antigo e provavelmente muito caro. Ele desapareceu e depois tiveram que procurar. A narrativa acontece num cenário de área urbana. Os cacos do vaso foram encontrados em um embrulho que estava com uma criança. Apavorada com que sua avó ia pensar, ela recolheu os fragmentos e levou para o antiquário para ver se conseguia consertar ou comprar outro igual. Mais milagrosamente Dona Carmem, a avó da criança compreendeu e depois o vaso foi consertado”, relatou.
A professora Neuma Marques, mãe de Alícia, comemorou a classificação da filha no concurso. “Como mãe e professora hoje eu estou num momento de puro êxtase porque a minha filha foi contemplada com o 3º lugar. E é muito gratificante ver os jovens tendo essa oportunidade de ingressar na literatura tão cedo. Essa é uma oportunidade de expressar o seu talento e compartilhar com o mundo as suas ideias”, disse.
O Secretário Municipal de Educação de Alagoinhas (SEDUC), Gustavo Carmo falou sobre a importância da CASPAL para fomentar a divulgação de novas produções literárias e defender os interesses da classe que representa a arte e a escrita. “A Casa do Poeta de Alagoinhas é a expressão mais importante que temos no mundo da escrita no nosso município. O evento como esse que é recheado de escritores locais, poetas e poetisas demonstra a força e a condição que a CASPAL tem para atuar na defesa dos interesses da classe e da categoria através dos eventos, da exposição da arte e da cultura na nossa sociedade. A SEDUC sempre estará à disposição para apoiar e contribuir com a evolução dos trabalhos da CASPAL”, disse.
Gustavo ainda destacou que o 1º Concurso Literário da CASPAL além de estimular novas produções literárias também é uma forma de contribuir com o incentivo à leitura entre jovens e crianças nas escolas da rede pública municipal. “A gente sempre trabalha para melhorar a leitura e a escrita. Estimulamos o hábito da leitura através dos nossos cantinhos ou espaços dentro das escolas. Mas a gente precisa vencer um desafio grande no Brasil e em Alagoinhas não é diferente. Precisamos alfabetizar no tempo certo, ou seja, ler e escrever com 4 ou 5, no máximo 6 anos de idade”, explicou.
O concurso teve como parceiros e patrocinadores a Prefeitura Municipal de Alagoinhas, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SEDUC) e da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (SECET). Também contou padrinhos e madrinhas e o apoio da vereadora Jaldice Nunes (UniãoBrazil), vereadora Juci Cardoso (PC do B), de instituições privadas e membros da sociedade civil.
O Dia do Escritor Alagoinhense e a Comenda Maria Feijó
Ainda segundo a vereadora Jaldice Nunes já está em tramitação na Câmara Municipal de Alagoinhas um projeto de lei que institui o Dia do Escritor na cidade de Alagoinhas. “Esse projeto com certeza vai ser aprovado e sancionado pelo Prefeito. Acredito que temos mais de 40 escritores com livros no nosso município e agora em outubro nós queremos homenageá-los. Eles receberão a Comenda Maria Feijó que é uma lei que a gente pensa colocar em vigor no Dia do Escritor em Alagoinhas. A nossa intenção é dar visibilidade ao trabalho, ao empenho e dedicação dos nossos escritores”, anunciou.
Empreendedorismo cultural
A vereadora Jaldice Nunes falou sobre a importância da realização do concurso literário. “É um evento onde fomenta a cultura e a poesia. É também um momento para fomentar o surgimento de novos escritores no meio da juventude”, disse.
Jaldice ainda aproveitou a ocasião para sugerir a ideia de transformar o Mercado do Artesão num centro de artes. “Eu já estive como diretora de cultura de Alagoinhas e tivemos a oportunidade de reabrir o Mercado do Artesão. Mas eu gostaria que fosse chamado de “Mercado de Artes” porque aqui não tem só o artesanato. Aqui tem a literatura; aqui podemos promover a boa música, a capoeira, o teatro e fazer tardes de poesias. Aqui é um local geograficamente privilegiado e pode ser um celeiro de fomento empreendedorismo cultural”, falou.
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