Cada um tem sua hora. Ninguém fica de fora. Nem mesmo quem se acha no mais alto escalão. São pessoas caridosas, que transpiram bondade e preocupação com o entorno. Diante do perigo, tudo fazem para manter a segurança. E, preocupadas com o bem-estar do seu próximo a ponto até mesmo de tirar do próprio bolso, da própria cueca, por enquanto, para socorrer quem vive a padecer. Foi o que fez Damiana, uma amiga da família na tarde de ontem. Pena que queria fazer uma surpresa, mas a surpreendida foi ela.
Logo ao amanhecer, Dami (apelido), vereadora de grande competência, compromisso e interatividade pública, resolveu fazer uma visitinha à sua comunidade rural. Foi escutar as pelejas do seu amado povo, que há 4 anos não a via por lá. Quase não mais a conhecia.
Como uma pessoa prestativa, a servidora elegeu uma equipe para acolher as pessoas. Queria, a coitada, se desculpar por tanta distância, mesmo não tendo a tal culpa. O que fizera foi trabalhar sem parar. Criou muitos projetos: comprou diversos quilômetros de terrenos, quatros apartamentos para combinar com o período do mandato, helicóptero, vários carros de luxo, e muito mais. Como poderia nossa amiga perder tempo botando o pé na estrada? Correndo risco de sua Ferrari ficar atolada?!
Mas, como algumas criaturas, acha que nunca é tarde. Imaginou que ainda havia como passar por cima da lama, e fazer uma gracinha. O que tinha certeza de que lhe renderia um belo sorriso, especialmente na boca da urna. Então, pôs mãos à obra e se mandou pra roça. Na casa de minha tia, sanitário não existia. O que todo mundo usava era o fundo do quintal; fazia tudo no mato. E isso nos preocupou. Como acolher nossa vereadora?
Quando jogava o papo para convencer os moradores a escolher o que era melhor para todos eles, Damiana foi tomada por uma vontade de esvaziar a bexiga. Sentiu um nó na barriga que não aguentou nem chegar ao sanitário natural. As tripas descarregaram no meio do caminho, e a nobre senhora terminou por usar como papel higiênico o que não estava em seus planos, sem intencionalidade. Estava usando um calçolão, socado de dinheiro. Afinal de contas, tem votos que custam mais caros que outros.
Mazé Maurício – Professora, Cronista, Poeta YouTuber.