Nada melhor do que ficar calado, ou calada. Assim você não diz nem ouve. E o melhor: não ouve o que não quer! Por que se há uma coisa que deixa muita gente retada da vida é ser obrigada a escutar o indesejável, sem contar que, na maioria das vezes, é algo que não merece. Pelo menos nos momentos que aconteceu comigo foi assim. Eu, inocente, coitado, só queria ajudar. Colaborar, por exemplo, com quem estava varrendo a casa, com quem passava um paninho no chão, com quem fazia uso da água sanitária e do álcool gel para higienizar a casa. Enfim, auxiliar uma pessoa que, de repente, não sabia das manhas para fazer tudo isso. Realizar trabalhos domésticos durante uma pandemia, deixando parte do lixo embaixo do armário, embaixo da mesa da cozinha e ainda embaixo da cama, além das casas de aranha. E os lustres? Esses pareciam que nunca tinham visto um borrifador com água sanitária ou qualquer outro produto capaz de tirar a sujeira grudada há anos.
Então, me esforçava para orientá-la a executar uma função que, pelo jeito, somente uma dona de casa eficiente é capaz de realizar sem deixar resquícios de incapacidade por falta de orientação. E tem um detalhe: com altivez e delicadeza! Imagine: lavar prato, lavar e passar roupa, lavar casa, lavar escadaria, lavar geladeira e freezer, e chega de lavar! Como fazer isso com leveza?! Espera aí! Parece que aqui há um equívoco da minha parte. É, reconheço que houve um certo exagero. Mas é o que acho! Essa é a minha opinião. Seja qual for a sua, a respeito fielmente. Não tenho interesse em desapontá-lo a). Cada qual sabe o que sente, não é mesmo?
Definitivamente, acho que está difícil encontrar uma pessoa com essa habilidade, tão especial de uma mãe de família, mas o que está em voga aqui é o que foi recebi! Nossa! Uma grande patada! Daquelas que deixa você estatelado, das que te lançam ao vento, sem possibilidade de retorno. Quase não consegui me levantar. E ainda tomei mais um puxão de orelha que me fez calar na hora. Senti como se precisasse de um desentupidor de pia, um desentupidor de banheiro, e até mesmo de esgoto. Será que este existe? Deve ter algum por aí. Afinal, nesse mundo tem de tudo um pouco. A verdade é que preferi conversar com meus botões. E você? Já teve a chance de bater um papo com os próprios botões? Às vezes faz bem. Comigo funciona. Ajuda a refletir, e se arrepender de ter dito naquele exato momento o que poderia ter deixado para mais tarde. Quem sabe à noite, na hora de dormir?! Num período de calmaria e suavidade? Mas depois de ter jogado a merda no ventilador, só resta esperar o momento certo para voltar a atacar e resgatar a dignidade que fora estraçalhada, apenas por meia dúzia de palavras.
Daí dizer que é preciso ter cuidado, ser vigilante, pois muitas famílias são abaladas por um punhado de sílabas que teimam em escapulir da boca pra fora e espalhar um pouquinho do líquido amargo que, por segundos, cria instabilidade na relação entre casais que verdadeiramente se amam. E sem deixar nenhuma sombra de dúvida. Foi por amar tanto que escolhi, naquele momento chocante, me calar. Achei melhor ficar entupida, como o famoso bocão.
Mazé Maurício – Professora, Cronista, Poeta YouTuber.