Nos últimos dias, todo mundo tem aprendido demais, muito mais o que
não deve. Todavia, quem aprende um pouco de tudo termina adquirindo
conhecimentos variados, de razoável qualidade. Daí a primeira assertiva.
Todas as pessoas estão mais sabidas, com informações para dar, vender e
emprestar. A pandemia do coronavírus foi bastante útil, em especial para as
aquelas que têm habilidades e desejos, de certa forma inusitados. Mas ainda
há gente fugindo das orientações da Organização Mundial de saúde (OMS),
como o diabo foge da cruz!
Enquanto algumas criaturas apelidaram a máscara de fucinheira e não
a usaram de jeito nenhum, outras adotaram todos os recursos indicados para
evitar a contaminação. Fizeram isso de maneira criativa, deixando a inveja
pairar no ar. Penduraram a máscara no pescoço, no braço ou nos óculos,
sempre tomando cuidado para que ficasse perto da cara. Portanto, essa
época não foi menos importante do que todas as demais, que também
deixaram suas marcas. E há indícios de que durante a gripe espanhola o povo
não teve tanta chance para mostrar seu talento. Até porque em 1918,
recursos como os que temos, nem no sonho existiam.
Por tudo isso, uma coisa tenho a dizer: essa COVID-19 não perdeu
tempo mesmo. Saiu arrasando corações. A danada teve realmente grande
serventia. Muito serviu sem medir esforço nem distanciamento. Gerou de
tudo um pouco. Serviu pra desfazer laços matrimoniais, incentivar o quebraquebra, aumentar a farra, e muitas vidas ceifar – ainda está a atuar. Os casais deixaram de beijar e cultivar o amor, como medo do vírus. Uma jovenzinha, ao se olhar no espelho, por exemplo, não gostou da imagem e lhe deu uma porrada. O bichinho rachou no meio. Tenho um tio que nunca tinha usado o fogão. Foi esquentar o feijão, ligou o fogo sem suspender a tampa. Ora, o que aconteceu?! Claro que estourou tudo! Foi vidro pra todo canto. Até hoje acham pedacinhos. E os talheres, xícaras, pires e bules de porcelana? Saíram do armário. As famílias quiseram aproveitar melhor o momento, mas não adiantou. O que houve mesmo foi muito estranhamento. Também, sem educação nada dá certo. Até o tal do corona ficou sabendo disso. Soube também que pessoa educada se preveniu e teve histórias pra contar.
E tem mais: televisão deu defeito, o dono não pode consertar e nem outra comprar? Com é que ia sair? O computador da vizinha, não aguentando mais os dedos grandes e pesados da dona, teve um piripaque. Já era! Não aguentou o trampo! Também ninguém é de ferro, não acha? Teve até gente deixando de comer pra economizar. Porque, quando a coisa pegou mesmo, difícil foi poder ir ao mercado. Bastava botar a cara na porta que a sirene tocava e aparecia um carro equipado. Homens e mulheres parecendo robôs, mandando entrar. Para muitos, o melhor a fazer foi dormir. Pelo menos não viu nem nada sentiu. O pior foi para quem não conseguiu tirar uma soneca de dia, e de noite muito menos. Mas, se tivesse uma solução para essa situação, minha mãe teria sido a primeira a saber. Ela vivia com a cara na janela, e quando tinha chance, abria a porta e ficava no passeio dando uma olhadinha na rua, e em quem passava, sempre querendo uma novidade. Ainda bem que hoje tem história a contar, porque a verdade é que cada qual serve como pode!
Professora, Cronista, Poeta YouTuber.