Por Ednaldo Soares
Enquanto acadêmico interessado em estudos voltados à história das culturas, folclore, arte popular, folk-comunicação e memória cultural, se não por direito, pelo menos, sinto-me no dever de alertar e apelar aos secretários de cultura de municípios e do estado, para que se preocupem com a crescente descaracterização das festas juninas por causa de shows musicais fora do contexto, promovidos com dinheiro público.
São João é festa de forró, em sua ampla variedade musical; não é festa para música sertaneja, axé, “sofrenças”, ou qualquer outro gênero musical que não seja forró. Nada contra os cantores desses outros gêneros, mas suas apresentações não têm nada a ver com o período junino. Se querem se apresentar em festas juninas, que se adaptem, como fazem Elba Ramalho e Bel Marques, cujas apresentações nesse período só contemplam forró – música exclusiva para festas juninas.
Ao contratar quem não canta forró para apresentações em festas tipicamente juninas, governantes e auxiliares demonstram falta de preocupação com a preservação da memória cultural e contribuem para sua descaraterização.
Que aprendam com outras regiões do país e com outros povos, cuja preservação da memória cultural é práxis política. No Rio, não há carnaval sem samba ou marchas carnavalescas; nas festas portuguesas há “vira-viras” ou fado; no Paraguai, festas sem guarânias não existem.
São João sem forró não é festa junina. Saudade das festas de São João do Tênis Clube, em Alagoinhas, nos anos 1970, em que Os Milionários tocavam forró até ao amanhecer: “Olha pro céu, meu amor…”, “Tocador quer beber…”, “Tem tanta fogueira …”; “Nosso amor é bonito, tão sincero, feito festa de São João…”
Não deixem a tradição acabar.